a sagacidade de Sofía



Rímini pensou que ia chorar e desviou os olhos rapidamente. Foi um ato reflexo; sabia que não tinha a menor chance de disfarçar: para os signos do amor – e no amor ela incluía também tudo o que vem antes e depois do amor, tudo o que o escoltava, o que ficava em seu caminho, o que flutuava como um nuvem ao seu redor, o que o amor havia desalojado e o que havia desalojado o amor: tudo –, os olhos de Sofía eram tão rápidos e certeiros quanto são os dos crupiês para aquele alfabeto de mãos, números e cores com que se escreve todas as noites os panos das mesas de roletas.


Alan Pauls

O passado