escuta, eu carrego esses pecados capitais, todos
sou gulosa, passional e nem sempre é santa a minha ira
mas das palavras não sou eu que faço uso
são elas, as geniosas, as venais
que se utilizam de mim e se divertem
com meu desespero de caçá-las
na minha insônia.
São elas, se mascaram, se camuflam
indisiosas
se insinuam, me enlouquecem
sem nunca ceder.
Peço uma trégua, não agüento mais
e Deus me pede uma paciência sem limite
Deus me pede que eu me sacrifique
para poder servi-las.
Acabo me entregando, cansada, extenuada, exaurida
veículo de sua vontade
eu deixo então de lado a minha vida
e a própria vida não tem mais importância
Através de mim elas se manifestam, as palavras
na plenitude de sua arrogância.
Bruna Lombardi
O perigo do dragão
O perigo do dragão