E quando então, ao longe, lá embaixo, alguém sonha uma canção ao som de sua mandolina, não se pensa em atribuí-la a um ser humano; sente-se que ela emana diretamente desta paisagem vasta, que não pode mais calar-se diante de sua nostálgica e estranha felicidade. O instrumento canta como uma mulher solitária que em noite profunda evoca o nome de seu amante longínquo, procurando concentrar nesta palavra pobre todo o seu carinho, o seu ardor e todos os tesouros do seu mais íntimo ser.
Rainer Maria Rilke
O diário de Florença
O diário de Florença