entre o escrito e o vivido



A escrita tem em suma um subsolo que pertente á espécie, ou pelo menos à civilização, ou pelo menos a certas categorias de renda. E eu? E esse tanto ou quanto de particularmente pessoal que pensava aí meter? Se posso evocar a sombra de um autor para acompanhar meus passos hesitantes nos territórios do destino individual, do eu, do (como agora chamam) "vivido", esta há de ser a do Egoísta de Grenoble, do provinciano à conquista do mundo, que antigamente lia como se esperasse dele a história que eu devia escrever (ou viver: havia uma confusão entre os dois verbos, nele, ou no eu de então.



Italo Cavino

O castelo dos destinos cruzados