– Todos nós perdemos coisas preciosas ao longo da vida – diz ele quando o telefone enfim pára de tocar. – Oportunidades ou possibilidades importantes, emoções que nunca mais experimentamos. Esse é um dos significados da vida. Mas dentro de nossas mentes – eu ao menos acho que é dentro das nossas mentes – existe um pequeno aposento destinado a guardar tais preciosidades na forma de lembranças. Deve ser um aposento semelhante àquele em que guardamos o acervo desta biblioteca. E para sabermos a exata situação de nossa alma, temos de fabricar continuamente novos cartões de referência. Temos de varrer o aposento, de arejá-lo, de trocar a água doa vasos de flores. Em outras palavras, você vai viver para sempre dentro de sua própria biblioteca.
Hakuri Murakami
Kafka à beira mar
Kafka à beira mar