A linguagem literária era a linguagem por excelência, quando na realidade social havia, como ainda continua a haver uma quantidade de outras linguagens separadas da literatura. Por conseguinte, linguagem literária ocupa uma posição excêntrica entre em relação a todas as linguagens reais, e ao mesmo tempo, uma posição transcendente, como se ela fosse a componente, e de certo modo a síntese, de todas essas linguagens. Isso constitui um equívoco que faz com que a literatura seja constantemente ameaçada pelos grandes abalos sociais, precisamente porque há uma sociedade e, melhor dizendo, uma ideologia da linguagem literária. [RB]
Não seria melhor encarar o problema ao nível daquele que escreve? É um indivíduo separado dos outros e que se coloca já à parte ao utilizar para um certo fim uma linguagem que não é a de toda a gente, e que só se tornará linguagem literária no termo de seu trabalho. Ainda que esteja submetido a todas as determinações que tu sugeres, não deixa de se entregar a um trabalho solitário. [MN]
Roland Barthes e Maurice Nadeau
Para/ Ou onde vai a literatura